Filmes bíblicos estão destinados à polêmica. Há sempre um grupo ou outro que vem contestar algo sobre seu conteúdo. Foi assim, por exemplo, com The Passion of the Christ/ A Paixão de Cristo (2005) de Mel Gibson, e o mesmo acontece agora com Noah/Noé de Darren Aronofsky, protagonizado por Russell Crowe, Jennifer Connelly, Emma Watson e Anthony Hopkins.
Na verdade, Aronofsky talvez tenha abusado em suas “liberdades artísticas” quando “inventa” umas criaturas gigantes que ajudam Noé na construção de sua arca ou, e ainda mais duvidoso, quando transforma Matusalém em um mago. Depois há outra questão que é completamente distorcida: na Bíblia, Noé entende que Deus quer que após o dilúvio a vida recomece novamente; no filme, Noé fica em dúvida quais serão as intenções de Deus. A certa altura do filme, quando um membro da sua família engravida, Noé até pensa que, para não irritar Deus, terá de matar o bebê.
Bem, se extrapolarmos as idéias de Aronofsky e tentarmos ler nas entrelinhas o que o diretor premiado de Black Swan/Cisne Negro quererá apontar, poderá se deduzir que o que ele pretende é realçar e, assim também, censurar outros episódios da Bíblia em que surgem seres fabulosos como serpentes falantes, dragões, gigantes e bruxos. Mas será mesmo?
Aronofsky é certamente um dos meus diretores favoritos e, nos últimos anos, tem feito alguns filmes extraordinários. Pode se incluir Noah nessa lista? Não vou afirmar de que se trata de um péssimo filme com um mau roteiro e más interpretações dos atores, pelo contrário. O filme tem efeitos especiais excelentes, tem atores de primeira, contudo ficamos sempre com um sentimento de que há ali alguns elementos que acabam por deixar toda a narração fora da cadência certa.
Classificação: 8 de 10 pontos
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