Para um filme com Tom Cruise, "Edge of Tomorrow" tem um começo incomum: Bill Cage (Cruise) é militar, trabalhando no departamento de imprensa. E Cage, ele próprio, mobiliza as massas através da TV para se alistarem no exército para combater um poderoso inimigo. Acontece que a humanidade está lutando contra uma raça alienígena desconhecida e a extinção total é iminente. Como responsável por o trabalho de imprensa, Cage nunca pensou ser chamado a combater. Mas, devido às circunstâncias, é precisamente isso que sucede. Só que, contrariamente ao esperado, Cage tenta se esquivar.
Tom Cruise sendo um covarde que nunca teve uma arma em sua mão? É seguramente uma novidade na carreira de Cruise baseada em personagens carregadas de machismo. Só por isso seguimos com agrado os primeiros minutos de "Edge of Tomorrow". Claro que também esse filme não fica livre dos habituais clichês de Hollywood, mas há um esforço honesto para disfarçá-los da melhor maneira possível.
A manga japonesa "All you need is kill" de Hiroshi Sakurazaka serviu de ponto de partida para "Edge of Tomorrow". Como no livro, o personagem principal morre e torna a morrer para depois acordar exatamente um dia antes da sua morte e começar fazendo tudo de novo, mas com melhor desempenho. É uma espécie de mistura de “Groundhog Day” com “Source Code” embrulhada em um ambiente tipo “Starship Troopers”.
O diretor Doug Liman opta por revelar logo desde o início o porquê da capacidade do personagem de Cruise poder ressuscitar vezes sem conta, ao invés de tentar prender artificialmente a atenção do público e aparecer no fim com uma revelação ou uma reviravolta ridícula. Não, Liman se concentra em exibir, com uma boa dose de humor, um Cruise que durante hora e meia tropeça, cai e leva pancada sem mais nem menos. É impossível ao espectador não ficar entretido com a situação e até achar sua graça – Cruise, o grande herói de ação, à beira do desespero, sem saber bem para onde se virar.
Embora "Edge of Tomorrow" não seja uma comédia de ação, tem muitos momentos ligeiros que fazem por vezes lembrar o estilo de Tarantino. Especialmente, o contraste entre o personagem de Emily Blunt, corrosivo e feroz, e o de Cruise é perfeito. Quando ele sofre mais uma vez uma lesão grave, Blunt saca sua arma e mata-o friamente.
"Edge of Tomorrow" é um blockbuster e, concebido como tal, com muitos efeitos especiais à mistura, está afinado ao milímetro. Christopher McQuarrie, Jez Butterworth, John-Henry Butterworth, creditados como os roteiristas (mas consta que houve mais cinco não creditados), oferecem um trabalho sólido e competente. No momento certo, antes da audiência, possivelmente, começar a sentir indiferença, é adicionado à história um novo elemento e a situação ganha em tensão e dramatismo.
Já sabemos que Doug Liman tem uma maneira muito característica de montar seus filmes e em "Edge of Tomorrow" resulta perfeitamente. Tem o filme, contudo, a apresentar algum elemento inovador em termos cinematográficos? Não, não tem. Mas como blockbuster de Verão preenche todos os requisitos necessários, entretendo a audiência do princípio ao fim. (HR)
Classificação: 7 de 10 pontos
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